domingo, 27 de setembro de 2015

Quantos amigos levar na bagagem?



Resolvemos esquecer da crise e altas do dólar para falar de amigos, afinal a diferença entre viajar com ou sem eles é enorme. Muito melhor acompanhado, qualquer lugar onde a grana curta desses dias nos permita ir fica legal. Mas, com quantos amigos viajar a fim de que a aventura seja 100% proveitosa e com menos imprevistos? E quais lugares combinam com grandes grupos e quais combinam apenas com aquela dupla dinâmica?
Listamos apenas lugares que conhecemos e experimentamos bem com variados números de amigos, então essa lista vai um pouco além de sugestões, é quase um “sério, vá por mim” :D

E, se você pensa em viajar sozinho, no final tem umas palavras para você também. 


 1 amigo



Por que esses lugares são ideais para se criar novas amizades e porque muitos os buscam pela diversão e aventura. Então, é mais fácil controlar a situação quando só você e mais um amigo conhecem outras pessoas, se separam um pouco e depois se encontram outra vez para voltar "para casa". No caso de Berlim, imagina só manter por perto cinco amigos numa festa, cada um conversando que grupos que você nunca viu!Isso acontece bastante, seja nas praças, nos famosos galpões abandonados ou clubs GLS. Sem falar no bombardeio visual que deslumbra muita gente, na barreira da língua (Para um caso de urgência) e na grande malha de metrôs, que pelo tamanho, pode até prejudicar quem não conhecer direções ou falar alemão.
Já no Rio de janeiro tem o samba da Pedra do Sal, que ocorre em plena segunda-feira e as festas de verão no cais da Pedra do Leme. Quando você se dá conta, já está falando com um grupo de amigos cariocas que perceberam seu sotaque diferente e perguntaram de onde você vem. E a dinâmica da dispersão atinge seus amigos também, um já se aproximou de outro grupo, um saiu para comprar uma bebida e não voltou, outro está perto da mesa de samba dançando... e é capaz do outro já estar a caminho da Sinuca da Lapa. Com sua cerveja barata e sua porção enorme de fritas.
Em Cracóvia, na Polônia, o mesmo. O forte da cidade são os bares subterrâneos, no inverno, com aquelas grandes mesas onde todos se sentam juntos sabe? E no verão, as praias artificiais. Nesses lugares, engraçado, você fica influenciável, aceita qualquer convite e se deixa levar por qualquer pessoa. E pode acontecer dentro de um mesmo Club, como o Beauty Dog e o Kicth Club, esse tem 4 níveis, cada um com uma cor dominante das paredes ao teto, porém todos mal iluminados propositalmente. Cuidado se alguém pega seu amigo pela mão, ele pode não voltar. (A barreira da língua também é perigosa aqui, e as ruelas da cidade antiga propiciam desencontros também).
Já na Chapada Diamantina, a questão é física, ou você vai com amigos na mesma condição que você, ou prepare-se para carregar seu amigo que dormiu em plena mesa em alguma das pizzarias ou bares no Pelourinho de Lençóis, centro da Chapada. São muitas excursões, trekkings, mergulhos e pedaladas, que normalmente duram o dia inteiro, ou vários dias, sempre retornando a noite às cidades base, como Lençóis e Mucugê. Se você ainda quer se divertir depois ou apenas planeja comer algo e desabar numa cama, encontre um amigo com mesmas intenções.


2 amigos



As opções de diversão em Praga são enormes como em Berlim, mas, se restringem a uma área menor da cidade, e se limitam mais dependendo das estações. No inverno, você só vai a Praga se quiser brincar na neve ou visitar lugares históricos como o Cemitério Judeu, a parede de John Lennon , a Ponte São Carlos ou o lindo castelo de Praga, que inclui a casa de Franz Kafka. Para visitar lugares assim, é bom ter mais que um amigo... Para fazer fotos, discutir temas, ou ter apoio para encorajar aquele mais preguiçoso a caminhar, por que o bom de Praga também e andar sem rumo. A cidade passou inteira pela Segunda Guerra Mundial e continua linda e medieval.
Paris e Roma são cheias de história e aquela beleza que a gente se cansou de ver em fotos e quer ir ver ao vivo. Isso limita a diferença entre seus gostos e dos seus amigos. E mesmo que eles sejam muito diferentes, somente na Champs Elysée em Paris, você pode encontrar as mega lojas da Disney, da Renault, da Adidas ... e o Arco do Triunfo, claro. Em Roma, mesmo se os três amigos forem diferentes demais, vai ser fácil a separação, se um quer pontos históricos, um quer festas e o outro comida... (Depois todos vão juntos ao Vaticano, para se redimir de tantos pecados :D) companheiros com metas iguais são facílimos de encontrar e o retorno para seu grupo original também. O transporte em Roma é fácil, táxi razoável, ou basta simplesmente andar com seu mapinha. Roma merece ser vista a pé, mesmo no verão quentíssimo e seco, pelo menos você vai ter água potável grátis nas fontes centenárias que estão em qualquer parede.
Cusco e Amsterdam apresentam suas belezas bem distintas, mas perigos parecidos. Ambas perfeitas para festas, história, culinária e paisagens. Mas se você vai com muitos amigos, pepare-se para se preocupar com eles: Em Cusco pelo ar rarefeito, terrível para baladeiros (ou não baladeiros) que passam a noite inteira curtindo (Já que não se gasta muito), e ainda arriscam reservar um tour para Machu Picchu com 8 horas de caminhada por dia... Para o dia seguinte!
Amsterdam... Já ouviram rumores? Muito fácil de se entorpecer e se entregar aos prazeres da carne... E de se perder também. Os canais confundem até os mais sóbrios, a cidade mantém uma iluminação mediana durante a noite, muitos estabelecimentos fecham as 23h e pode ser frio... Tudo isso é uma ameaça para amigos desgarrados e louquinhos.


3 amigos



Londres é o único caso desse tópico que, por oferecer tanto, você já sabe bem o que quer ver ou está tranquilo por que vai ficar muito tempo, antes de viajar. Então, os amigos já se programam juntos ou apenas esperam, porque a hora de visitar coisas específicas de cada um vai chegar. Assim, vai ter tempo para um ver a Igreja dos Templários, para o outro fazer compras em Convent Garden, para o outro descer sem pressa pela Portobello Road... Só tentem ir juntos a qualquer concerto na O2 Arena ou tomar um trem para Brighton, no litoral.
É bom mesmo ir em quatro ou mais a Londres, para aquela foto cruzando a Abbey Road, fazer um picnic no Regents Park, aliviar o medo nas visitas aos calabouços do London Dangeouns ou ter alguém para lembrar o nome daquele Barzinho onde Jimmy Hendrix fez seu primeiro show na capital britânica. Só evitem fazer muitas brincadeiras com a guarda-real. E se, se perderem na grande malha do metrô londrino, vai ser divertido em grupo. Mas tentem não ir além da zona 3 (Londres é dividida em anéis).
E La Paz? Esse é ponto de partida para tours como a Death Road, Lago Titicaca, Vale da Lua... Quem chega à capital da Bolívia já está focado em uma dessas atividades, provavelmente seus amigos também, por que isso ajuda a pechinchar nos tours. Grupos sempre ganham descontos. Outra coisa sobre La Paz é sua cara de base para descanso entre jornadas: Quem vem do Salar de Uyuni, Sucre ou Potosi em direção ao Peru ou o inverso desse caminho. Estadia mais tranquila (Contanto que você não se hospede no Loki Hostel). Então não há que se preocupar tanto com amigos aqui. Por segurança e questões de saúde, ninguém se desgarra tanto do seu grupo nessa cidade.
Montpellier, na França e Lisboa em Portugal são parecidas, misturas mediterrâneas e hibéricas, bastante culinária e praias próximas. Ambas com preços razoáveis que te permitem ficar mais tempo e cada amigo aproveitar o que interessar. As duas também induzem a uma vida tranquila, e o calor também cansa todos muito rápido, então reuniões embaixo de uma árvore com um sorvete ou cerveja nos mirantes de Lisboa ou nos jardins de Montpellier são bem frequentes.


Mais que 4... depende do estilo de viagem... Um reveillon por exemplo. Para alugar uma casa na praia em janeiro ou no carnaval de Olinda. Mas, fora isso, fica difícil até para pegar carona :D



Alguém se perguntou sobre viajar sozinho?


Sozinho, você também poderá ir a qualquer lugar desse mapa...



E vai ter total liberdade para entrar num grupo de bartenders suecos que foram a Londres para estudar. 
Você vai ser convidado para sentar junto com desconhecidos quando o refeitório estiver lotado durante o café da manhã.
Você vai estar mais atento a escutar pelas ruas alguém falando sua língua, e ter ainda mais felicidade quando eles falarem no seu sotaque. 
Você vai encontrar outro viajante solitário, ou uma viajante solitária... E vai ter uma história tão legal, que vai continuar recebendo mensagens do tipo "Lembrei daquela hora que eu vomitei num bar na Alemanha e fomos expulsos no frio, obrigado pela roupa limpa e quente" ou "lembrei dessa partida de futebol que vimos num bar em Amsterdam, este cachecol daquele time estranho é um agradecimento pela sua companhia".

Enfim, você vai poder dar mais atenção a outras pessoas, e talvez garantir novas amizades para o resto da vida.
Vai também poder encontrar vagas mais fácil num tour e caronas, hospedagem no couchsurfing e trabalho em troca de qualquer coisa. 
Ou... Vai poder ler um livro por horas numa praça, passar um dia inteiro em silêncio, se quiser. Vai girar um globo terrestre e seguir para onde seu dedo parou o giro.





terça-feira, 15 de setembro de 2015

Para o que você teve que dizer "sim" quando estava viajando?



Bella, Moritz, Ellie, Quetin, Rozenn e Ben... Muito a vocês!


A matéria de hoje é sobre o desafio do "sim", uma palavra que precisamos dizer muitas vezes quando viajamos. Dependendo do mochileiro em questão, quanto mais diferentes são o país, o povo, ou apenas alguns hábitos, maior é o sim que ele precisa dizer (Dizer sim = Compreender = Aceitar). Como disse um dos participantes: "Coisas as quais precisamos nos acostumar, para viver de forma completa".

Foi aí que percebemos ter bastante sorte em questão de amizades. Fomos atrás de pessoas com quem tivemos a sorte de nos encontrar pelo mundo, ou até de conhecer parte do mundo com eles. Depoimentos bem disitintos, porém cheios de respeito.

Bem, vamos ao que importa, como sempre. :D


ISABELLA

Começamos pela que tem mais história para contar, não é para menos, Bella inventou de morar na China... Agora ela vive em Fernando de Noronha, mas sim, ela estava na China. :D
Tudo é diferente, desde o aluguel que é pago a cada três meses, até o "jeitinho chinês", Bella diz que eles também tem e em triplo do nosso (Impossível imaginar ;D). Pimenta, o aviso é para que você vá preparado para aceitá-la em tudo.
"Se conforme em não ter acesso a Facebook, youtube, twitter, etc. Eventualmente o governo ainda pode dar um piti e colocar linked in e hotmail de castigo por uma semana (acredite, aconteceu enquanto estive lá).  Google tem... ou mais ou menos. Redirecionado para servidores de hong kong em cantonês e, como qualquer site liberado mas que tem servidores além das fronteiras do Great FireWall, é muito lento, as vezes nem carrega". Segundo, Isabella Alliz. Pesado...
Ainda tem mais: "Adote o Baidu como novo seu novo Google. Sim, Baidu, aquele que se instala no seu computador como um suposto anti-vírus e instala um monte de outras porcarias que come sua conexão e agem como spywares. Mas é o único que funciona bem lá (como site de busca)".
E a lista de Bella segue:
"Sabe aquele sinal como um hangloose na orelha que fazemos para simbolizar "ligação" ou "telefone"? Não funciona lá. Arrume outro método para colocar crédito no telefone".
"De bicicleta você vai longe!"
"Faça amizade com chineses! Eles podem ser extremamente leais e prestativos. Em troca, estarão praticando inglês com você".
"Vai passar uma temporada longa? As temperaturas são extremas! Desde esfriar vinho na janela no inverno à fritar ovo no asfalto no verão".
E aquela que a gente já conhece:
"Vai às compras? NUNCA, JAMAIS, EM QUALQUER HIPÓTESE, PAGUE O PREÇO QUE TE OFERECEM. Pratique MUITO a arte da barganha antes de chegar lá. Te passaram um preço de 400 yuans? Então deve custar 80".

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MORITZ

Esse  alemão com um coração enorme, que encarou um ano de voluntariado no Peru e agora faz guerra de melhor comida comigo via whatsapp.  Vimos de perto alguns sims que ele teve de dizer, afinal trabalhamos juntos e dissemos alguns parecidos.
"Vou pontuar poucas coisas, porém elas já foram mudanças muito fortes, que me deixaram uma grande marca na minha mente. A comida, pro exemplo (Sabíamos que ele ia começar falando de comida :D ), foi uma grande mudança não ter mais a comida alemã; mas foi aí que conheci a rica cozinha peruana. Tanto que, agora que voltei para casa, tenho que cozinhar alguma receita peruana ao menos uma vez por semana". .. Aí ele vem e fala da do Ajis de gallina, do Lomo saltado e da Chaufa.... E nos deixa salivando de saudade! :P
Outra grande diferença para Moritz, que veio de uma grande cidade na Alemanha, Mannheim, foi a vida em Urubamba, vila em pleno Vale Sagrado peruano. Ali todos pareciam se conhecer. Um coisa que chamou atenção dele foi o "tempo" (coisa que conhecemos bem), o trabalho que começaria às 8h e pessoas que chegam às 8h30. :D
E Moritz termina seu depoimento assim: "No entanto, é incrível o tamanho do coração das pessoas naquele lugar. E a simplicidade da que vida, que agora me faz sentir diferente, quando vejo a vida de consumo e pessoas com starbucks em uma mão e iphones na outra. Enquanto há um mundo com pobreza, que elas não conseguem ver".

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ELLIE

Para a britânica Ellie, que morou no Rio de Janeiro, e agora tenta sobreviver aos exames de Oxford (:D ), dizer sim parece ter trazido muitos benefícios, como conhecer as cachoeiras de Minas Gerais e ver o lobo guará. Em questão de comidas, mesmo doente, ela não se recusou a provar de tudo e se encantou com as frutas, a água de côco, além das tapiocas em Olinda, com direito àquela vista.
E para terminar, suas palavras, sem nenhuma intervenção, para não estragá-las: "Falar sim em vez de ´yes´. Em Inglaterra, aprender uma nova língua não é muito comum porque as pessoas acham que todo mundo vai falar inglês. Mas para mim, a decisão de aprender um pouco de português foi uma das melhores coisas que eu fiz porque você se sente mais livre sem as barreiras da língua e pode falar com quem vc quiser".

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QUENTIN

O francês que veio para estudar na Unicamp e conheceu o Brasil de norte a sul, também tem muito o que falar.
Ele diz que saiu daqui enriquecido por causa das diferenças culturais entre América do Sul e Europa. Mas, o maior sim que ele disse foi para o "tamanho" do Brasil, :D Coisa que impressiona os europeus. Quentin disse que, em seis meses vivendo aqui, percorreu mais quilometros do que sua vida inteira antes. Outra coisa que ele aceitou foram as diferentes formas que de planejar, buscar coisas, a dinâmica diária.
E sem querer, Quetin manda uma mensagem para os coxinhas de plantão. Ele comenta sobre as diferenças sociais que ele viu no Brasil, mesmo entre pessoas que habitam o mesmo lugar. Para um frances, que conhece uma das melhores coberturas sociais do mundo para pessoas de baixa renda e não percebe tão evidentemente o abismo social, aqui impressionou bastante. ...
É Quentin, e ainda tem gente que chama a assitência social brasileira de "esmola", pede seu fim e ainda pede um domínio militar para o país.

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ROZENN

Essa francesa é coragem da cabeça aos pés, aventureira de verdade (Das muitas vezes que viajamos juntos, só a vi enfraquecer perante um Happy hour com 2 caipirinhas pelo preço 1). Depois do longo período no Brasil, Rozenn voltou para França e de cara topou fazer um estágio em Mohéli, uma Ilha africana proxima à Madagascar e Ilhas Seychelles, onde os habitantes eram muçulmanos e havia pouquíssima internet . Quando pensamos que ela falaria de diferenças culturais e religiosas, ela pareceu muito bem com isso, ela não gostava mesmo dos atrasos, trabalho marcado para as 2h da manhã, com pessoas chegando as 4h. Ela trabalhava com monitoramento de tartarugas marinhas, dá até para imaginar a frustração de perder o contato com os animais e ter de esperar pela próxima chance.
Mas, insistimos na pergunta sobre a religião, e para ela não foi mais difícl do que tomar banho de mar com vestidos, por que bikinis não eram permitidos. E nós aqui esperando coisas tão mais complicadas.

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BENJAMIN

Assim como Moritz começou falando de comida, esperávamos que Ben começaria falando do calor, afinal, ele saiu de Londres para viver no Rio de Janeiro. Suas palavras na íntegra! :D "Tá, vamos ver... no Rio, aprendi a aguentar o calor danado que nunca termina (apesar de o curtir de vez em quando)".
É engraçado como ele fala de um aspecto difícil e em seguida de um positivo, ao menos engraçado: "Aprendi a aceitar a passar 1h 30 no onibus só pra chegar no trabalho, mas aprendi a adorar o estilo brasileiro de beber cerveja (com os copinhos)".

Para terminar: "Ah, e aprendi a comer arroz com macarrão kkkk"